A dor do coração de Deus (2)

A Bíblia diz em Gênesis 6 que quando Deus viu a irremediável maldade do homem, e o extremo a que tinha chegado a corrupção e a violência, disse: "Destruirei de sobre a face da terra os homens que criei…" (Gn. 6:7). Foi, sem dúvida, uma decisão muito forte. No entanto, por Deus ser Santo, e Justo, chega um momento em que a sua santidade não pode suportar mais o pecado, a sua justiça não pode suportar mais a injustiça. Então decide acabar com essa geração perdida.

Mas então encontra um homem que, no meio da depravação reinante, apartou o seu coração para Deus. Alguém que sente como Deus, que pensa como Deus, e que vive na justiça de Deus. Esse homem é atraído por Deus, para depositar sobre ele a carga de uma humanidade perdida. Noé passa a ser uma espécie de 'álter ego' de Deus, um homem a quem pode contar a sua tristeza, e com quem compartilhar os seus planos. Noé se transforma no porta-voz de Deus para a humanidade. Durante dezenas de anos, Noé foi um 'pregoeiro da justiça'; no entanto, a sua mensagem não foi ouvida.

Sim; a dor do coração de Deus se transformou em juízo. E então veio a ruína e o espanto. Deus limpou a sua terra, tirando aquilo que a tinha poluído. O Criador tem todos os direitos sobre a sua criação, e procede sem consultar a ninguém. Se o homem estiver disposto a se corrigir, escapará da morte; se persistir em seu pecado, morrerá.

Hoje em dia, em que os direitos humanos enchem as atas de todos os acordos sociais, de todas as organizações internacionais, em que se levantam monumentos aos mártires do sofrimento humano, os direitos de Deus são ignorados. Além disso, Deus é apelidado de cruel, e intolerante. O homem que vaguea longe de Deus, não é amável com ele; ao contrário, diz coisas duras dele. Mas a paciência de Deus tem um limite, e quando a corrupção excede os limites da tolerância, então nada pode deter o juízo de Deus.

Nos dias de Josué, Deus decidiu destruir as nações cananéias, porque elas tinham ultrapassado esses limiares. Quando "chegou ao ápice a maldade do amorreu", Deus usou a Israel como o seu braço vingador. No livro de Josué não achamos indícios dessa maldade, mas em algumas passagens do Pentateuco achamos uma descrição detalhada.

A maldade de Canaã pode ser reunida em três grandes itens: idolatria, práticas ocultistas e imoralidade. Quanto à idolatria, além da infinidade de deuses que tinham, tinham adotado a prática da imolação dos seus próprios filhos em oferta às suas deidades pagãs; quanto ao ocultismo, praticavam a adivinhação, a feitiçaria, os encantamentos, a magia, a necromancia, entre outros. E quanto ao terceiro, todo desvio sexual era o seu costume; todo excesso era a prática habitual.

Isto trouxe consigo o justo juízo de Deus. No entanto, não podemos esquecer que: antes do juízo, houve dor no coração de Deus. Podemos compatibilizar em nossa mente tão ideologizada pela cultura em voga, estes dois conceitos: a dor do coração e o juízo justo? Em Deus não se contradizem, mas sim são dois aspectos de uma só e mesma realidade.

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