Serviço espiritual (2)

O serviço espiritual segue os ciclos da vida. Tanto os da natureza como da vida humana. A vida natural, em seu desenvolvimento, tem um ciclo anual. As estações se sucedem uma depois da outra, e cada uma delas tem a sua utilidade e a sua sabedoria. Nenhuma planta poderia pular uma das estações, porque afetaria o seu desenvolvimento normal. A primavera e o verão nos parecem as estações mais atrativas ali estão a bela flor e o fruto; no entanto, nem uma nem a outra poderiam vir à vida, se não fosse pelo outono e o inverno.

Na vida cristã há também períodos alternados de gozo e tristeza, e cada um tem a sua utilidade e a sua sabedoria. E o primeiro período em nossa vida de serviço é o inverno. Ali estará o desnudar da nossa vida carnal; o frio e a desolação da nossa vida estéril; nossa crua e lamentável condição natural.

Então, quando a morte alcançou todos os âmbitos da planta, surge a vida, uma vida nova e poderosa. Breve, esta vida alcançará todos os rincões, e se transformará em flores e frutos.

Tudo é alegria e folguedo, tudo é brilhante e luminoso; no entanto, tudo isto também tem os seus dias contados. Aproxima-se o outono para que caiam as folhas gastas, e sobrevenha a morte do inverno. O ciclo tem que encerrar-se ali onde começou.

A vida humana também tem o seu próprio ciclo, que começa com a união de amor de duas pessoas. Temos a concepção, a vida começou; no entanto, começa no silêncio do ventre materno. A vida está escondida aos olhos dos homens, como se não existisse.

Assim também no espiritual. Quando a alma se prostra diante do Senhor, reconhecendo nele o seu Dono; quando nessa conversa íntima um coração se oferece ao seu Salvador para lhe servir, produz-se a concepção de uma nova vida. O fruto, sem dúvida, virá; mas é preciso que ocorra um tempo onde parece que nada existe.

Cada dia que passa algo vai se entretecendo no ventre materno; um osso endurece, um músculo adquire robustez. Tudo cresce sincronizado e maravilhosamente. Nada está estagnado; tudo respira a força da nova vida.

Enquanto isso, fora as coisas se ordenam para o dia da manifestação dessa vida. Muitas coisas acontecem para que a vida nova encontre o seu habitat adequado. Se o menino nascesse logo após a concepção, nem ele estaria preparado para enfrentar um mundo novo, nem os afetos dos que o esperam estariam suficientemente amadurecidos.

Há sabedoria na espera; há silêncio, mas não de morte; há quietude, mas não para sempre. Logo ficará em evidência o formoso fruto. Então, todos o verão e se assombrarão. Todo olho chorará de amor.

O fruto espiritual não é como uma névoa que passa; é uma planta que Deus plantou e que não pode ser removida. Ela dá sombra ao cansado e pão ao faminto. O serviço e o fruto espiritual são milagres de Deus.

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