Voltar ao princípio (2)

A pergunta que os fariseus fizeram ao Senhor sobre o divórcio permitiu ao Senhor traçar alguns princípios de validez geral, que excedem o âmbito do matrimônio. Cada vez que temos uma situação de deterioração temos que procurar o seu remédio no princípio, pois só o princípio nos mostra a perfeita vontade de Deus, pois ali não está a fatídica intervenção do homem.

No pessoal, mostra-nos que toda vez que queremos iniciar a restauração de algum aspecto do nosso caminhar cristão, devemos voltar para o princípio, quer dizer, à atitude do recém convertido, à simplicidade e humildade com que recebemos o Senhor a primeira vez. No coletivo, como igreja, mostra-nos que a restauração só é possível quando voltamos para o modelo original de Deus, ao gênesis da igreja. E então temos que retornar à Bíblia, ao Novo Testamento.

Todos os movimentos de restauração partiram redescobrindo alguma verdade bíblica, e tentando incorporá-la à vida e prática. No entanto, essa verdade bíblica, ao não experimentar uma contínua renovação, e ao não ir-se abrindo a outras verdades bíblicas –ao conjunto de todo o conselho de Deus– se transforma em uma coisa particular, exclusivista.

Muitos dos movimentos de reavivamento do passado se encontram hoje paralisados, conservando só a forma externa, mas sem a vida interior que têm todas as coisas de Deus. Quem se agarra a formas sem vida, a heranças sem vigência, têm entre as mãos um fóssil, mas não um ser vivo.

Tão lamentável como isto –e ainda pior– é retornar ao passado, mas não ao começo da história da igreja, mas sim a algum movimento restaurador, e copiar os seus princípios e suas fórmulas. Se algo já perdeu vida em si mesmo, é impossível que gere vida em outros. O prestígio que lhe dá a história, ou um 'gigante' espiritual, não é suficiente para vivificar o que já está morto.

A única esperança de uma verdadeira e genuína restauração é voltar para o gênesis da igreja, porque ali se expressou a vontade perfeita de Deus. Mas como voltar para o princípio se houver tantas regras, tradições e costumes que nos estorvam? Como recuperar a frescura, espontaneidade, simplicidade e humildade das origens?

O Senhor disse aos fariseus: "Pela dureza do seu coração Moisés permitiu-lhes repudiar as suas mulheres; mas no princípio não foi assim". Por que não podemos voltar para o princípio? Pela dureza do nosso coração. No coração do homem estão os obstáculos que tornam difíceis a restauração da Igreja.

Retornar ao século XVI, com tudo o que foi glorioso no mover de Deus personificado em Lutero, não é suficiente. Retornar ao século XVIII, com tudo o que foi glorioso na obra de Deus entre os Irmãos de Plymouth, não é suficiente. Retornar ao século XX, com tudo o que foi glorioso na recuperação do testemunho de Deus na China com Watchman Nee, também não é suficiente. Deus poderá fazer algo novo agora em sua Igreja, neste século XXI, se é que estamos dispostos a voltar para o princípio.

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